sábado, 4 de maio de 2013

EXPECTATIVA ZERO


 
Não sei se tem alguma coisa mais difícil de fazer nos dias de hoje do que não gerar expectativas com as coisas. Num mundo controlado, onde tudo pode ir parar nas redes sociais, parece que o futuro é quase agora. E, pasmem, não é. O futuro é só uma ideia que ainda não existe e que tentamos controlar a todo custo. Controlar cobra um preço caro. Controlar significa que você vai precisar gastar uma quantidade enorme de energia mental para tentar saber antes os acontecimentos. E mudá-los, se não for do seu gosto. Isso é quase brincar de Deus e nunca, ou quase nunca, funciona.

Isso porque tentamos sempre controlar o que não é controlável. Sim, você pode controlar a quantidade de calorias do seu prato e saber se, no futuro, você será mais magra ou mais gorda. Você pode controlar a sua conta bancária para pode pagar todas as contas em dia e sobrar um troco para uma "besteirinha" para você. Mas o controle termina por aí.

Você não pode controlar as pessoas. A reação das pessoas e nem se elas mudam ou não de ideia. Sempre achei um absurdo os votos de casamento da igreja. Poxa, como eu posso prometer que vou amar uma pessoa até o fim dos meus dias? E se ele mentiu para mim e for um serial killer (assistam ao programa "Com quem me casei?" da DH&W e depois conversamos). E se ele deixar toalhas e meias demais em cima da cama e isso acabar com meus dias? E se eu mudar de ideia, simples assim?

Não dá para prever o comportamento das pessoas. Não dá pra prever se as coisas que ela está te contando hoje, realmente serão verdades amanhã. E é aí que entra uma palavra pequena e destruidora chamada "decepção".

Não nos decepcionamos com as pessoas ou com o fato das coisas terem tomado outro rumo, isso é normal. Decepcionamo-nos com as expectativas que criamos em cima de pessoas e coisas. Principalmente de pessoas. As coisas, ainda temos mais elementos para saber se darão ou não certo. Se eu for ver um emprego de alta executiva num banco, que exige MBA, mesmo que vá à entrevista, é difícil que me chamem. Mas as pessoas, ah, isso é complicado.

Acreditamos nas pessoas porque precisamos. Porque naquele determinado momento ele (ou ela) veio com um papo de uma amizade para sempre e estávamos tão carentes. Porque você não namorava há três anos e aí ele chegou e falou que estava apaixonado por você, que era pra sempre... sim, sabemos que é pouco provável ou, no mínimo, que precisamos de mais provas, mas é tão bom ouvir. E é tão bom acreditar! Como é bom acreditar que o amor é algo inteiro e mágico que, mesmo depois de anos esperando, finalmente encontramos. Como não acreditar que o casamento é uma coisa maravilhosa que só melhora a cada dia? Como não acreditar que aquele nosso desejo secreto e íntimo está ali, na sua frente, se materializando e fazendo você, de novo, ter esperanças?

Palavra do cão. Esperança. Esperança é esperar. Esperar que as coisas mudem por si só. Esperar que algo mágico aconteça e tire você daquela situação. É acreditar no príncipe e na princesa. É acreditar sem motivos.

Sim, continue acreditando no amor. Em amar, numa pessoa legal ou até você pode já ter conseguido isso. Que bom! Mas mesmo que a sua vida amorosa esteja uma maravilha, ainda tem o resto de todas as relações. Ainda tem o pai e a mãe ideais na nossa cabeça. Ainda tem o irmão ideal, o amigo perfeito. Ainda temos muitas carências a serem preenchidas. E hoje, ou no futuro, a única pessoa que poderá sanar nossas carências é a gente mesmo. Com coisas que gostamos de fazer, com leitura, dança, artesanato ou internet, cuidando direitinho da gente. O resto, o amor dos outros, será a consequência.

Procure o amor dentro. Para encontrá-lo fora. Sem expectativas.


por Andrea Pavlovitsch - andreapavlovitsch@gmail.com
Andrea Pavlovitsch é psicoterapeuta, numeróloga e escritora. Para informações sobre atendimentos e para receber artigos pelo e-mail contate andreapavlovitsch@gmail.com

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